Quem viveu nas décadas de 80 e 90 provavelmente assistiu a muitos filmes que faziam alusão a uma menina rica, rasamente instruída e fútil: essa era a intitulada ‘patricinha’.

Sua maior preocupação era ser o assunto em seu meio – ou, em outras palavras, ser popular. Além disso, também era imprescindível andar boa parte do tempo hipermaquiada e em cima de um salto, com o cabelo impecavelmente bem escovado e quase sempre tingido.

Onde será que as ‘patricinhas’ se encaixam nos dias de hoje?

Em primeiro lugar, o salto já passou longe da definição de algo “obrigatório” na vestimenta, uma vez que a constante correria do nosso cotidiano acaba por dispensá-lo diversas vezes – assim como acontece com a maquiagem.

Considerando que a mulher se preocupa, cada vez mais, em se instruir e ocupar uma posição de igualdade de gêneros, o rótulo de “moça burrinha” também já está fora da jogada, ao menos, por boa parte do senso comum.

E o que dizer sobre ser rica e fútil? Buscar por riqueza ainda pode ser a prioridade para alguns, mas, desperdiçar dinheiro tendo em vista as atuais circunstâncias da sociedade e da economia brasileira é, no mínimo, algo que beira o cafona.

Conclusão: não há mais lugar para este conceito ultrapassado de estilo. Eu diria até que nem para esse e nem para qualquer outro.

Porque a moda é divertida, democrática e abrangente demais para que a gente a restrinja a certos rótulos. “A roqueira”, “a formal”, “a elegante”, “a descolada”. Falando sério, não dá mais.

A mulher de hoje quer e tem total capacidade para ser todas as coisas que ela quiser, e em uma só pessoa. E tudo depende de seu estado de espírito e da ocasião.

A atmosfera é, agora ainda mais do que nunca, de revolução e de quebra dos padrões já estabelecidos – e a moda está acompanhando essa transformação, uma vez que ela é um reflexo de tudo que acontece na sociedade e no mundo.

Logo, rotular alguém pelo look que ela usa é mais do que démodé: é uma atitude que demonstra uma certa limitação de entendimento dos acontecimentos a nossa volta, além de uma visão baseada no retrocesso.

* Por Marcéli Paulino, jornalista, consultora de moda e autora do blog Lindizzima