Mulher, mãe, youtuber, jornalista, apresentadora e uma das principais personalidade no segmento de beleza, saúde e lifestyle na internet. Muitos são os rótulos que descrevem a santista Juliana Goes, mas o que ela transparece é paz, leveza e a certeza de estar trilhando seu próprio caminho em busca de uma vida plena e cheia de felicidade.

Além de co-fundadora do Zen App – um aplicativo de meditações guiadas e ferramentas para o desenvolvimento pessoal presente em 100 países – e Life Coach, ela também é autora do livro ‘A Liberdade de Ser Quem Você é’, escrito em parceria com a amiga e artista Kalina Juzwiak. Em seu blog, canal do YouTube e redes sociais, Juliana compartilha experiências e vivências do seu dia a dia para inspirar outras pessoas a mergulharem no processo de despertar e buscar a alegria de viver.

Ela conta como está lidando com os desafios e as delícias da maternidade, carreira e a profunda transformação que tem passado na busca por si mesma e por um mundo melhor.

Revista Studiobox – Você é santista, já morou em outras cidades, mas está de volta. Gosta de morar aqui?

Juliana Goes – Eu nasci e cresci em Santos e amo muito essa cidade. Já morei em outros lugares, mas sempre volto. Tenho muita satisfação em viver e ver minha filha crescendo aqui, é um lugar muito especial.
Santos me acolhe, tenho memórias afetivas muito valiosas e as pessoas mais importantes da minha vida estão aqui. Além disso, tem a qualidade de vida que a cidade me proporciona. O fato de poder fazer muita coisa a pé, ter a natureza, ir à praia… Acho que isso sempre ativa o sentimento de ‘lar’ no meu coração. Aqui estou em casa, pertenço.

Tem boas lembranças da sua infância por aqui?

Minha infância foi típica de santista, ia bastante à praia e ao Orquidário e curtia a natureza. Pratiquei muito esporte por aqui também, principalmente patinação artística. Estudei na mesma escola dos quatro anos de idade até me formar, então acho que foi uma infância bem rica de experiências e vivências.
Tive alguns momentos difíceis e perdas duras, que agora enxergo como oportunidades de crescimento e consigo entender que aconteceram para eu ser quem eu sou hoje.

Como é a sua relação com a família?

Tenho uma relação muito boa com a minha família, de muita liberdade, autonomia e espaço, desde sempre. Minha mãe me criou para o mundo, algo que admiro muito e busco passar para a minha filha. Ela sabia impor limites, mas ao mesmo tempo nutrir em mim o sentimento de independência. E foi muito importante ser dessa forma.
Agora que eu casei com o Crica a família aumentou consideravelmente, porque antes era bem pequena, mas sempre estava lá por mim. Eu vejo que mesmo quando eles não concordavam com as minhas escolhas, me davam espaço para viver aquilo que eu achava melhor pra mim, e sempre tivemos muito diálogo.

Os assuntos abordados no seu blog passaram por mudanças ao longo dos anos. É um amadurecimento?

Sim. Acho importante continuar esse processo compartilhando o que é baseado nas minhas vivências, na minha bagagem e no meu momento. Conforme as fases mudam, a gente muda e tudo vai se transformando. Também venho repensando o que eu gostaria de instigar nas pessoas, a forma que eu gostaria de inspirá-las. Eu passei por um processo de amadurecimento pessoal e isso acaba refletindo no conteúdo do meu trabalho.

Ser mãe também deve ter contribuído para essa mudança, o que isso trouxe para a sua vida?

A maternidade é a maior escola que eu já vivi e vou continuar vivendo por décadas. Tem me ensinado muito sobre o amor incondicional. Como é que a gente pode se doar tanto, não é?
E parece que eu cuido mais das pessoas a minha volta, e não só da minha filha. Acabo cuidando mais da casa e de mim, para poder estar bem para ela também.
E, naturalmente, a maternidade ensina a lidar com sentimentos como cobrança e culpa. Porque, de tanto querer fazer o melhor, a gente entra em um ciclo de se cobrar demais. Estou aprendendo a buscar o equilíbrio entre dar o meu melhor e me acolher, sabendo que eu não preciso ser uma supermulher, e eu não quero ser.

Como isso reflete no seu trabalho?

É muito desafiador, porque parece que eu estou sempre vivendo com um cronômetro. Trabalhar em casa, com a Anne Liv por perto, pode parecer um grande privilégio – e é mesmo – mas também é um desafio. Ela já está interagindo mais e começando a andar, então tem horas que eu estou bastante ocupada e ela chega engatinhando e faz aquele olhar de “por que você não está me dando atenção?”. Com isso, estou aprendendo como administrar melhor o meu tempo, ter mais foco e levar minhas prioridades mais a sério.

Anne Liv já te ensinou muita coisa?

Demais! Estou aprendendo a acordar cedo e com humor melhor, pois ela acorda muito feliz. Eu costumava acordar meio mal-humorada, meio com preguiça, e ela está me ensinando a enxergar a manhã de uma forma diferente, porque é inspirador ver ela acordando. Os bebês não desistem, eles persistem. Então, quando eu vejo ela adquirindo uma nova habilidade motora, trabalhando os marcos de desenvolvimento e se superando, aprendo muito sobre resiliência, dedicação e persistência.

Sem contar o amor, né?

Sim! Ela está me ensinando a amar de uma forma muito muito muito intensa, que eu nunca tinha vivenciado. Parece que o meu mundo e a minha vida estão ganhando mais cor.
A maternidade é desafiadora, não dá para romantizar tudo também. Tem dias que são cansativos, em que eu acho que vou perder a paciência, mas no fim do dia eu olho para ela e sei que esse é o meu melhor presente: ser mãe e aprender com ela todos os dias. É a melhor escola que eu poderia vivenciar.

Como é trabalhar com o Crica? Atrapalha ou ajuda o relacionamento?

A gente trabalha juntos mas não trabalha no mesmo ambiente. Somos sócios no Zen, um aplicativo com meditações guiadas e ferramentas para o desenvolvimento pessoal, equilíbrio emocional e bem-estar, que já está em mais de 100 países. Em determinados momentos, a gente teve que repensar a forma com que trabalhamos juntos para manter o nosso relacionamento saudável. Antes da Anne Liv nascer, a gente ficava trabalhando à noite, até a hora de dormir, e não tinha aquele momento de parar, curtir, assistir uma série, namorar.

E como vocês lidaram com isso?

A gente analisou e entendeu como poderíamos lidar melhor. Trabalhar junto com quem você se relaciona é como eu falei sobre poder estar em casa com a minha filha. Tem os dois lados da moeda, só quem vive sabe. Tem uma questão de manter o equilíbrio, senão o privilégio acaba, a longo prazo, prejudicando a relação. Tem que ter muita sintonia e muita consciência para saber “virar a chavinha”. Trabalhamos, trabalhamos, pronto, agora chega de falar de trabalho e vamos viver um pouco.

Quando se deu conta de que precisava mudar seu estilo de vida e entrou nessa fase mais ‘Zen’?

Eu senti que precisava mergulhar mais no autoconhecimento quando estava com dificuldade de acessar as respostas para a minha vida e entender quais caminhos eu tinha que seguir. Foi meio que uma crise existencial que eu passei há uns três anos.
Tudo estava indo muito bem, prosperando no trabalho, saudável, a vida estava ótima, mas parecia que eu tinha um vazio dentro de mim. Aquilo me fez repensar a forma como estava vivendo, meus rituais e objetivos, para entender se eles eram meus mesmo ou se eu estava no modo automático, com repetições e padrões espelhados de imposições da sociedade.

E era isso mesmo?

E era justamente isso. Eu me desconectei um pouco da minha essência e isso me fez muito mal, então precisei olhar para dentro e entender quem era a Juliana, o que fazia sentido para mim, quais eram os meus hobbies, o que me fazia feliz de verdade. Reencontrar as coisas simples do dia a dia. Eu fui atrás disso e dei um salto poético em relação a minha felicidade, satisfação e alegria de viver.

O que te inspira?

A natureza. Ela é perfeita, os ciclos são perfeitos. A natureza se expande e se contrai, floresce, vivencia a troca das estações, as folhas caem e tudo se repete em um ciclo perfeito. Isso me inspira a fazer o mesmo comigo: entender e respeitar os ciclos. O jeito de viver valorizando as coisas simples, as amizades, estar presente no momento, despertar o amor nos nossos gestos, ações e pensamentos… Tudo isso me inspira.

E isso mudou sua rotina de beleza?

Hoje em dia, meus cuidados são mais conscientes. Eu prefiro cuidar de uma forma preventiva do que ficar remediando depois. Minha saúde começa com a saúde mental, integrando com a saúde física, com o emocional, o psicológico. Vejo a saúde de uma forma mais holística, integrando tudo, e a beleza também. Não adianta ter os melhores produtos, ter acesso aos melhores rituais, se não estou saudável e bonita por dentro.

Mais do que a rotina, isso mudou a sua forma de ver a beleza como um todo?

Hoje, eu enxergo a beleza de uma forma muito mais profunda, e isso influencia totalmente as escolhas que eu faço, por produtos mais naturais, que são mais gentis comigo e com o planeta. É uma transformação que vem acontecendo nos últimos três anos, em que aprendi a vivenciar a beleza de uma forma mais pura. Eu não sou obrigada a nada, sabe? Não preciso estar bonita para o mundo, para os outros. Tenho que estar bem para mim, para a minha família e, consequentemente, vou estar melhor para os outros. Eu quebrei alguns padrões e sou mais livre em relação a isso, sou mais “desencanada” e bem mais feliz assim.

Essas mudanças se estenderam para a alimentação, você é vegana?

Não me considero vegana, porque o veganismo é um estilo de vida mais abrangente, que envolve escolhas de tudo que se consome, produtos de beleza e limpeza, estilo de vida, os lugares que você frequenta e as roupas que você usa. Mas eu sigo uma alimentação a base de plantas, que é muito rica. Procuro me alimentar o máximo possível de alimentos vivos e integrais, tudo que vem da terra, e isso me deu muito mais energia e disposição. Até a questão energética fica mais elevada, porque são alimentos felizes e que têm uma carga energética muito positiva, são menos manipulados e menos industrializados.
Foi um processo muito natural, sem nenhuma rigidez ou cobrança. Desde que eu comecei a praticar meditação e ioga, tenho me dedicado mais a essa alimentação, porque acredito que quando estamos equilibrados emocionalmente, lidamos melhor com as emoções e conseguimos fazer escolhas mais conscientes.

E dá pra conciliar tudo isso com a correria do dia a dia?

Às vezes eu até esqueço de comer. Mas carrego frutinhas na bolsa e procuro sempre deixar a casa abastecida de alimentos, para não acabar comendo bobagem na hora da correria. A gente tenta comprar sempre o que tem de mais saudável para não ficar comendo alimentos que não tem qualidade nutricional, calorias vazias. Eu procuro comer bem também porque ainda amamento, e é bem importante para que a minha filha continue recebendo esses nutrientes. Faço isso não só por mim, mas também por ela.

O que a Juliana de hoje diria para a Juliana do começo da carreira?

Eu diria pra ela confiar mais no coração e aceitar as críticas sem mudar a sua essência. Aceitar que nem sempre as pessoas entendem os nossos valores e que, acima de tudo, cada um de nós sabe exatamente aquilo que faz sentido quando olha para dentro e se deixa distrair menos pelo mundo externo, com as preocupações, a ansiedade e o desejo por aceitação e aprovação.
Eu diria para aquela Juliana que “tá tudo bem”, para ela seguir o coração dela. E se achar que não é para lá que tem que ir, respira fundo, recalcula a rota, acolhe, aceita, se reinventa e começa de novo.

Qual o seu maior orgulho?

A coragem que eu tive de recalcular a rota, me reinventar, respirar fundo e falar “OK, eu preciso mudar, então vamos mudar”. Eu tenho muito orgulho de ter feito uma mudança assim, porque hoje eu acho que eu estou no meu melhor momento para criar a minha filha. Ela vai saber de todas as fases e escolhas que talvez hoje não fariam o menor sentido, mas que em algum momento fizeram. Quero que ela entenda que faz parte do crescimento e do amadurecimento, e a gente não precisa ficar se julgando e se cobrando tanto. Eu sou muito feliz por tudo que aconteceu até hoje, que me fez ser quem eu sou no momento atual.

Qual a sua dica para quem quer mudar de vida mas falta coragem, ou sobra preguiça?

A vida passa muito rápido, e se faltar coragem, entenda que você não precisa se sentir pronto para mudar. Entenda o motivo pelo qual você precisa mudar, o que isso altera na sua vida. Analise o que você vai ganhar a curto, médio e longo prazo. Pode ser que isso te dê um gás. Se não, a vida vai passar e você vai ficar no mesmo lugar, e isso não tem volta. Eu tive muita dificuldade de arriscar e quando falei “vambora, a hora é agora”, mesmo sem me sentir pronta, foi a melhor coisa que eu fiz.
Se não sair como você esperava, vai lá e começa de novo, “tá tudo bem”. O negócio é viver o agora e entender que ele passa muito rápido. Agarre as oportunidades e se elas não vierem, crie-as. Não fique esperando a porta abrir, vá lá e abra você mesmo.