O termo ‘ceratocone’ vem de ceratos (córnea) e cone. Ao contrário de muitas doenças oftalmológicas, ela costuma surgir na infância, adolescência ou início da vida adulta.Tem origem hereditária e afeta de um a dois por cento dos brasileiros. Sabe-se que o hábito de coçar os olhos, principalmente nas crianças alérgicas ou não, acelera o progresso devido ao trauma direto sobre a córnea.

A córnea é a primeira lente externa dos olhos e tem a forma de uma calota. No ceratocone, ela começa a ficar pontiaguda e irregular, gerando progressiva distorção da visão de forma lenta e constante. Esta distorção advém do surgimento de graus altos de miopia e astigmatismos irregulares, que podem ser tão altos que se tornam impossíveis de corrigir com óculos, acarretando baixa acentuada de visão em uma fase importante da vida do indivíduo atingido. Vale lembrar que a doença atinge igualmente ambos os sexos.

O tratamento do ceratocone tem evoluído muito mundialmente e, quando diagnosticado precocemente pelo médico oftalmologista, consegue-se evitar o transplante de córnea, cirurgia que substitui a córnea distorcida por uma nova e que tem um pós-operatório especial com relação à rejeição, infecção e manuseio das suturas para dar boa qualidade de visão.

Hoje, o primeiro passo é indicar lentes de contato específicas, conforme modernos protocolos internacionais de tratamento. Além das lentes rígidas – que podem ser desconfortáveis – e alguns tipos especiais de lentes gelatinosas, o grande avanço está nas chamadas lentes esclerais, que são extremamente confortáveis e fisiológicas pois não tocam a córnea doente. Outro avanço é o Crosslink, que consiste na aplicação cirúrgica de vitamina B2 sobre a córnea associada à luz ultravioleta, impregnado nova camadas que enrijecem a córnea e diminuem a tendência à coneificação dela.

Outra novidade é o implante de microanéis de acrílico no interior da córnea. Eles esticam a periferia da córnea, aplainam o ápice, regularizam a estrutura e diminuem o avanço da doença, além de propiciar a melhora da visão com a correção de óculos ou lentes.

Estes avanços diminuiram muito a indicação de transplante de córnea no ceratocone e, utilizados de forma específica para cada caso, têm restaurado e dado qualidade de visão para os jovens que desenvolvem a doença na fase de estudos ou início da vida profissional. Vale ressaltar que famílias que têm histórico de ceratocone devem ser conscientizadas sobre a importância de passar por avaliação oftalmológica rotineiramente, pois o tratamento precoce previne que a doença evolua de forma rápida.