Eu tenho o maior prazer de falar de assuntos que são pautas de ‘early adopters’, mas difíceis ao grande público. Lembro quando falei sobre o Instagram em 2011 e, nessa mesma publicação, sobre o Uber quando ele nem tinha chego ao Brasil. Já estou a algumas edições para escrever sobre blockchain. Não sei se é a empolgação por ter participado do Blockchain Summit Latam ou se é um sentimento de que no próximo ano essa tecnologia poderá mudar nossa vida.

Pude ver de perto a utilização da ferramenta na agricultura, indústria, prestação de serviço, turismo, comércio internacional, administração pública e no setor bancário. Em resumo, sendo simplista, o blockchain permite que transações antes baseadas 100% na confiança, agora possam ser realizadas de forma segura com um ‘recibo’ virtual, onde comprador e vendedor não podem negar que fizeram a transação. Daí decorrem ‘trocentas’ variáveis, para transporte de pessoas, locação de imóveis, envio de encomendas etc. Imagine tudo acontecendo sem contrato, sem recibo físico, apenas um registro virtual e criptografado dentro do blockchain.

Vamos partir do princípio de que é um protocolo de confiança. Imagine que quatro estudantes de uma república brigavam para saber quem lavaria a louça, sem que um pudesse enganar o outro, e veio a seguinte solução: utilizar fichas coloridas, com uma cor para um, e um longo tubo transparente e indestrutível chumbado no centro da sala como parte integrante da estrutura de ‘segurança’. Quando um estudante termina de lavar a louça, deposita uma ficha no tubo para ficar registrado que ele cumpriu com a sua parte no revezamento.

Pra evitar trapaças, só é possível colocar uma ficha no tubo se três dos quatro estudantes estiverem presentes, pois na tampa do tubo tem quatro cadeados e cada estudante tem a chave para um deles. Cada ficha só pode ser colocada no tubo com o consentimento de pelo menos mais dois estudantes, que só permitem que isso aconteça depois de checarem que a pessoa realmente lavou a louça e deixou a cozinha limpa. Como o tubo é inviolável e indestrutível, cada ficha é um registro eterno de que a louça foi lavada naquele dia. E basta olhar o tubo pra saber quem é o próximo a cumprir a tarefa. É o tubo da verdade!

Assim é o blockchain, uma vez que um registro é adicionado não pode ser retirado nunca mais, passa a ser verdade eterna e absoluta. Tal como as fichas, a ordem das operações passadas se ligam com as futuras e dão segurança da sua veracidade. Parece complicado, mas essa engenharia sequencial garante uma segurança que pode revolucionar nossas vidas. Vamos aguardar que esse protocolo de segurança revolucione nossa rotina. Com certeza vamos falar muito sobre esse assunto no próximo ano!