Cada dia mais, as pessoas têm capacidade de gerar recursos em qualquer lugar do mundo, trabalhando remotamente. Isso foi constatado por um país pouco conhecido, mas que faz sucesso na comunidade dos nômades digitais – pessoas que podem trabalhar e viver de qualquer lugar do mundo, por que seu cliente ou renda está na nuvem. A questão da geolocalização é o menos relevante, o que importa é a entrega, e se ela ocorre, todos ficam felizes.

Mas, afinal, o que é a e-Residency? Ou, no nosso português, uma residência virtual? Ela permite que você, a partir de qualquer país, abra sua companhia na Estônia. Com isso, você automaticamente abre uma empresa na zona do Euro e tem todas as facilidades da comunidade europeia, desde emissão de contrato até recebíveis.
É um sonho, custa barato e tem diversos moldes. Por apenas cem euros você tira sua e-Residency, fazendo negócio num país que tem 99% de transações bancárias pela internet e 96% das pessoas declaram renda eletronicamente.

Agora, vamos falar da Estônia. É um país que tem pouco mais de 1 milhão de habitantes e que, após sair da antiga União Soviética, resolveu correr atrás do tempo perdido e virou referência mundial de governo digital. Mais de 500 tipos de serviços podem ser feito pelo cidadão on-line e mais de 98% aderiu ao RG Digital, o que trouxe desburocratização e redução de gastos com a máquina pública.

Não há marketing melhor para trazer negócios e turistas para um país do que a facilidade para empreender, que gera um magnetismo natural e viraliza na comunidade digital. Todos querem que as coisas sejam fáceis e eficientes.

Lixo Zero, otimização de tempo, ambiente desburocratizado e um povo que ser orgulha de ser digital. Esse é o DNA da Estônia, que leva seu know-how para o mundo. Finlândia, México, Panamá e Uruguai já trabalham em parceria com esse pequeno país para implementação de um governo digital.

Num mundo integrado, de pessoas com cada vez menos raízes, novas gerações mais nômades, vejo como essencial para um novo momento do nosso país esse tipo de iniciativa. Quem sabe com novos ventos e retomada do crescimento consigamos implementar esse tipo de cultura, pois também é preciso uma mudança de mentalidade da população.

Um povo digital, bem informado e com acesso, é um sonho, embora distante, possível. Por enquanto, vamos explorar a e-Residency da Estônia e aprender com esse micropaís como podemos chegar ao exercício da cidadania digital como ampliação da vontade popular e fomento ao ambiente de negócios.