Quando amamos alguém, foi o nosso coração quem mandou. Ele trabalha sem parar, dia e noite, fazendo a sua parte sem hesitação, sempre pensando em nos dar vida.

Não há como viver sem amor, e tampouco sem o trabalho desse órgão, que é relativamente pequeno mas imprescindível. Quando o coração se cansa e para, não sentimos mais o amor, nem o suave batimento cardíaco… E assim perecemos!

No entanto, há um porém. Como diz o ditado: “coração é terra que ninguém pisa”. E é verdade. Ele resolve quando, como e a quem devemos amar. Coloca aquela pessoa dentro dele mesmo e ela lá fica. E, muitas vezes, fica ali pintando e bordando com quem o carrega no peito.

O coração não tem juízo, é teimoso, e ninguém consegue mudar aquilo que ele quer. Passam anos e anos e aquele eleito por ele não sai! Ao contrário, fixa residência e o coração fica feliz, chora e, às vezes, tem vontade de gritar. Mas não faz nada, e mesmo que faça não adianta!

O coração não abre mão da situação que criou com sua insistente função. Ah… se ele soubesse falar, teria tanto a nos dizer. Mas ele prefere o silêncio, a sensação de tristeza e a saudade que, às vezes, o surpreende.

O coração cumpre uma de suas principais funções: amar. E esquecer? Paradoxalmente, não é tarefa sua, ele não está nem aí! Cabe sim, à nossa razão, à nossa capacidade de opção e ao livre arbítrio. Será? Teremos todo esse discernimento e coragem? Somos tão racionais assim, a ponto de, como mágica, tirarmos e esquecermos o amor que está instalado dentro do coração?

Quem dera! Mil e uma tentativas são feitas, orações e simpatias. Quem pensa que a distância faz esquecer, esquece que a saudade faz lembrar. É um forte desafio, o coração se intromete e coloca no caminho obstáculos enormes.

Por menos que se queira, haverá sempre uma data, uma palavra, um olhar, uma música, um sorriso ou um simples motivo qualquer que atravessam o processo de esquecimento e este volta à estaca zero.

O orgulho foge, e nada mais importa. Retorna a angústia por não conseguir o efeito desejado e dá até para não lembrar de ser feliz. A culpa é toda do coração!

Assim é a convivência entre amar e esquecer, entre o coração e a razão. Na disputa emocional não há vencedor nem vencido.

O que importa é que, em uma vida sem essas emoções, tudo é nada. Quiçá tenhamos muitos amores para esquecer!