Cursando o último semestre da graduação em Direito, Marcelinho – como é conhecido na Cidade, por causa do seu pai Marcelo Teixeira – é Diretor do Complexo Educacional Santa Cecília, Presidente do LIDE Futuro Santos, Diretor da Associação Comercial de Santos e Conselheiro Eleito no segundo mandado do Santos Futebol Clube. Conversamos com ele sobre a história da família na Educação, sua trajetória profissional e os desafios do empreendedorismo jovem em tempos de crise.

Revista Studiobox – Você é santista? Como Santos está presente em sua vida?

Marcelinho Teixeira – De cidade e time! Sou apaixonado por Santos! Já viajei para diversos lugares maravilhosos, mas sempre falo: ainda não encontrei uma cidade melhor do que Santos!
Somos reconhecidos entre as melhores cidades para se morar em qualidade
de vida, abrigamos o maior porto da América Latina, temos o maior jardim
frontal de praia do mundo, um parque educacional de excelente qualidade, a nossa cultura, o bondinho, a praia, os canais, o Centro Histórico, as muretas, tudo é encantador! Além de dar o nome ao maior time do Planeta – o Santos Futebol Clube. Não troco por nada! Sou nascido, criado, vivido e espero daqui muitos anos encerrar minha vida aqui, indo na Vila Belmiro ver o meu Santos ganhar!

Como você chegou a diretoria da Unisanta e do Sistema Santa Cecília de Comunicação?

Sempre fui muito envolvido nos negócios de minha família, desde muito cedo. Assim como meu avô fez com meu pai e minhas tias, meu pai também soube transferir isso para mim e minha irmã. Além da presença, sempre fui apaixonado pelo trabalho do Santa Cecília. Comecei a trabalhar junto com meu pai, minha sala era junto com a dele. Ele me fazia participar de todas as reuniões e na época eu fazia um resumo de tudo o que foi falado e ele me pedia para dar opiniões dos assuntos abordados.

Fotografia: Érika Martins

Você sempre esteve envolvido?

Depois disso passei por diversos setores onde eu tive contato direto com os alunos, como Balcão de matrículas, Secretaria, Tesouraria, Departamento Jurídico. Por um período, fui chefe de delegação da equipe de Natação da Unisanta, que é a maior potência esportiva universitária do país, chefiei a equipe de manutenção do Campus, entre outras atividades que me possibilitaram aprender e conhecer tudo na prática.

O que te inspira profissionalmente?

A minha maior inspiração é o amor e o apoio da minha família e a fé em Deus, para continuar sempre me dando sabedoria, humildade e sentido a minha vida! O que mais me motiva é pegar as maiores dificuldades e transformar em coisas positivas para a sociedade.

Qual a maior diferença entre uma universidade familiar e uma administrada por mantenedores?

Nossa família vive a educação, com a missão de transformar a vida dos nossos alunos e professores e assim o nosso país e o mundo. Antes de responder essa pergunta, é importante contar um pouco de nossa história e como surgiu o Santa Cecília.

Como foi?

Quando meus avós, fundadores do Complexo Educacional Santa Cecília, Milton e Nilza – junto com a tia Emília, conseguiram sair do aluguel e comprar a primeira casa própria da família, foram ao Colégio Santa Cecília, na Rua Rodrigues Alves, para comprar um telefone que estava anunciado no jornal. Chegando lá, a professora e proprietária perguntou se meu avô gostaria de adquirir também o colégio, que tinha 16 alunos. Dedicado e exemplo de homem visionário, empreendedor e vencedor, ele vendeu a casa que tinham acabado de comprar para adquirir o colégio.

Já são 59 anos, que completamos em outubro deste ano, dedicados à educação e a formação das pessoas que passam pelo Santa Cecília. Acredito que a grande diferença é que não pensamos no lucro dos acionistas ou sócios, mas nos esforçamos todos os dias para manter a qualidade dos cursos, sempre inovando e recebendo as melhores conquistas.

Como é estar a frente dessa história?

Fotografia: Érika Martins

É um orgulho imenso ter alunos fazendo a diferença no mundo com o diploma do Santa Cecília. Paulo Freire, patrono da educação brasileira, diz: “A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. As pessoas transformam o mundo”. Nós sabemos e temos a certeza de que todos os alunos que se formam na Unisanta e no Colégio Santa Cecília estão fazendo essa transformação, porque tiveram toda a base necessária para isso.

Além do ensino e da comunicação, o grupo atua em outras frentes?

Recentemente fundamos uma OS (Organização Social), sem finalidade lucrativa, onde engajamos os nossos alunos, professores e diretores na parte prática, para que com a nossa experiência técnica e científica, possamos assumir a gestão de equipamentos públicos com mais eficiência. No final do ano passado, também entramos na construção civil. Além disso, temos um abrigo desde 2002, o Lar Santo Expedito, que hoje abriga 20 crianças de 0 a 18 anos encaminhadas pela Vara da Infância e da Juventude de Santos. É um trabalho maravilhoso e emocionante presidido pelo meu pai e liderado pela minha mãe. Já passaram mais de 200 crianças por lá que hoje estão capacitados para a vida. É a extensão da nossa família.

Como está sendo essa nova fase, entrando na construção civil?

Mais um desafio! Como todos os segmentos em que nossa família atua. Somos muito conservadores, mas ao mesmo tempo inovadores! Temos conhecimento do ramo, afinal são 16 prédios construídos no nosso complexo educacional, com atuação direta nas construções desde a elaboração do projeto. A diferença é que estamos agora construindo sonhos e o lar das famílias que ali morarão. Por isso, todos os detalhes foram pensados. Este primeiro empreendimento será uma referência para a cidade!

Qual é a proposta?

Nosso último reconhecimento na universidade foi estarmos entre as nove melhores instituições de ensino do país em inovação. Este tema está muito atrelado a nós. As pessoas irão ver os diferenciais deste empreendimento desde o plantão de vendas. Procuramos colocar tudo o que uma pessoa precisa para morar e viver bem. O bairro é excelente, está perto de tudo. Dizem que um empreendimento de sucesso tem que ter 3 Ps: Ponto, preço e produto, e nós estamos seguindo esta cartilha.

Há algo novo pela frente?

Estamos investindo bastante no Ensino a Distância (EAD), que hoje não é mais a Educação do Futuro e sim do Presente, principalmente quando você tem uma instituição que preza pela qualidade do ensino. Todos os nossos cursos do EAD tem notas máximas do Ministério da Educação (MEC).

A Unisanta está presente em quase todos os estados do Brasil, com mais de 90 polos e projetos para abrirmos polo também no exterior. São mais de 20 mil alunos formados no Ensino a Distância e 10 mil alunos matriculados este ano. São mais de 120 cursos oferecidos atualmente, com um modelo pedagógico com oferta de uma disciplina a cada vez. Isso é o que o aluno da EAD busca para poder organizar melhor sua vida acadêmica. Nosso curso em Educação Especial é o único reconhecido no Brasil! Em Pedagogia temos nota 5 (máxima) no MEC, que prova que sabemos ensinar!

Falando em EAD, como foi manter o complexo educacional funcionando durante a pandemia?

Fotografia: Érika Martins

Antes disso tudo, nós estruturamos a nossa área de tecnologia, por conta do avanço do EAD. Quando veio a pandemia e entramos em isolamento, não medimos esforços para investir ainda mais em tecnologia para ampliar o nosso sistema e receber todos os alunos do presencial. Aproveito para parabenizar toda a nossa equipe, que de uma forma diligente, estruturou os cursos presenciais na plataforma virtual, com a qualidade e com a excelência do ensino do Santa Cecília. Os professores foram brilhantes!

A TV também foi afetada, mas o trabalho informativo precisa continuar. Como foi essa adaptação?

Um dos segmentos que não pararam durante a pandemia foi a comunicação e os veículos de imprensa. Nos enche de orgulho ver a dedicação de toda a equipe, mesmo durante um período de medo todos estavam empenhados com vigor para continuarmos mostrando os acontecimentos e notícias da região por meio dos nossos produtos do jornalismo: Bom Dia Cidades, Caderno Regional, os diversos boletins ao vivo e as matérias no Santaportal. Enquanto as pessoas estavam em casa, nossa equipe estava na rua, com todas as medidas de segurança, honrando a brilhante profissão que é o Jornalismo. Foi bonito ver os alunos, que mesmo sem a obrigação quiseram estar presentes, participando das atividades do Sistema de Comunicação. Esse é o compromisso e a missão de uma emissora educativa, que está entre as maiores e mais bem estruturadas do Brasil! Mesmo durante a pandemia, nós colocamos quatro programas novos no ar na grade da Santa Cecília TV, que é a maior grade regional: Mão na Massa, Hora de Brincar, Live Santaportal e Rumos e Desafios – Eleições 2020.

Você é bem jovem e já possui diversas experiências de liderança no currículo. Como você trabalha essa questão?

Cresci vendo meu pai e meus avôs serem sempre tidos como grandes líderes. Acho que deve ser meu instinto, algo de sangue. Mas ainda sou jovem, tenho muito para aprender. Me dedico e tenho uma responsabilidade muito grande, não me permito ser diferente.

Já encontrou dificuldades por ser considerado “jovem demais” para exercer suas funções profissionais?

Tem uma música do meu ídolo Chorão que fala: “O Jovem no Brasil não é levado a sério” e eu acho que nós, jovens empreendedores, temos que quebrar esse tabu. Temos centenas de exemplos de jovens que fizeram acontecer desde muito novos. Eu sempre fui muito sonhador, questionador, criativo e tive o apoio dos meus pais, da minha irmã e da minha família para tudo. Acho que esse apoio foi fundamental para eu crescer e aprender cada vez mais. Meu pai é meu grande exemplo profissional. E o fundamental é que eu tenho amor pelo que eu faço e quero sempre mais. Eu amo é trabalhar e conquistar o que as pessoas falam que será impossível. Essa palavra para mim não existe! Os “jovens demais” precisam saber o seu valor e as pessoas devem reconhecê-los pelos seus feitos.

O que é o LIDE Futuro?

É um braço do LIDE, o maior grupo de empresários e lideranças empresariais da América Latina. Chegou a Santos no ano passado e fui convidado a assumir a presidência. O objetivo é tornar-se a mais qualificada plataforma de networking, troca de conteúdo, negócios e experiências entre jovens lideranças, trazendo talentos e práticas de sucesso para potencializar o ambiente empreendedor.

Você também foi Coordenador do núcleo ACS Jovem, da Associação Comercial de Santos, como foi?

Incrível! Quando fui convidado para assumir a coordenação da ACS Jovem, montamos uma equipe fundamental para a retomada do núcleo. Na última reunião da gestão que me antecedeu, eram quatro membros ativos no núcleo. Na minha primeira reunião ordinária colocamos 120 membros. Criamos 8 comissões de áreas específicas com coordenadores que tinham total conhecimento do tema. E aqui eu deixo uma dica para os jovens empreendedores: estejam sempre ao lado das melhores pessoas, montem a melhor equipe possível e sejam bons líderes – sempre sabendo ouvir as pessoas – que o sucesso será garantido. A sensação de missão cumprida é a prova de que todo o esforço valeu a pena! Ao final do meu mandato na ACS Jovem fui convidado a integrar a diretoria executiva da Associação Comercial de Santos, na gestão em que a entidade comemora 150 anos! Esta minha participação na diretoria eu divido com todos os membros da minha coordenação da ACS Jovem, porque foi fruto do nosso trabalho.

Qual a sua opinião sobre o papel do empreendedorismo para os jovens?

Ao fim do mandato da ACS Jovem, deixamos um projeto de Lei com um deputado da região para implementar as matérias Empreendedorismo e Gestão Financeira no Ensino Fundamental e Médio. Na Copa do Mundo de 2006, eu tinha 10 anos. E pelo que eu me lembro, foi ali que eu comecei a empreender. Eu e minha irmã enxergamos uma oportunidade de ganhar o nosso dinheiro. Começamos a pintar em cartolina todas bandeiras dos países que estavam participando da Copa, expusemos no hall do prédio e ficávamos na calçada convidando as pessoas que passavam por ali para conhecer nossa exposição e comprar. Confesso que as artes não estavam tão apresentáveis e as pessoas não compravam pela beleza (risos), mas contei essa historinha, para dizer que o jovem tem que acreditar. Ver o que acontece no mundo e no momento e o que ele pode fazer para mudar a sua vida e de outras pessoas. O espírito empreendedor tem que estar pulsando na veia e na mente dos jovens!

Ter o próprio negócio é para todos? Como saber se é o caminho certo?

Empreender pode, sim, ser alternativa de vida para qualquer pessoa. Trabalhar com o que se ama aumenta em muito as chances de sucesso de um negócio. Mas é preciso preparo e estudo. É preciso adaptar o próprio sonho para que ele atenda às demandas do mercado e do público-alvo. É preciso humildade para reconhecer erros e corrigir rumos. E, claro, sem organização e foco nenhum negócio vai pra frente.

Fotografia: Érika Martins

2020 está sendo um ano totalmente atípico para as empresas. O que você observa nesse sentido?

Tem sido um ano de inovar, às vezes à força, para as empresas mais conservadoras. Muitas empresas estão descobrindo potenciais que estavam adormecidos havia muito tempo e alternativas que vão continuar mesmo após passar a quarentena. O exemplo mais óbvio é o das empresas de alimentação, que ou reforçaram ou mesmo descobriram o delivery. Outras descobriram que o teletrabalho ou o home-office pode servir como alternativa que, inclusive, ajuda a reduzir os custos dos escritórios. A principal marca de 2020, no aspecto empresarial, vai ser esta: as novas oportunidades que a tecnologia e a criatividade promoveram.

E qual é a perspectiva para o futuro?

Os líderes das empresas vão ter que ficar cada vez mais ligados nas novas tendências ou tecnologias, mesmo nos sinais mais fracos. São esses sinais que têm o potencial de crescer e transformar negócios e a vida das pessoas. E quanto mais capazes de olhar essas tendências sob o ponto de vista do consumidor, mais bem-sucedidos vão ser esses líderes. O futuro imediato não vai ser fácil, mas as possibilidades de crescimento a médio e longo prazo são excelentes.

Seja por vocação ou por necessidade, muitas pessoas estão iniciando seu próprio negócio esse ano. Qual dica você daria para quem está começando?

Há cinco pontos fundamentais para fazer dar certo: a pessoa se apaixonar pelo que está fazendo e pelo projeto, acreditar sempre que vai dar certo, ir além do óbvio, sempre ter a ambição de ser melhor do que já está e estar cercado de pessoas capazes e de pensamentos diferentes.