Nos últimos dias pude acompanhar a dissolução de um casamento de um jovem casal, sensação de grande impotência, pois ainda via a possibilidade de reencontro, mas eles não viram a mesma coisa.

E ainda hoje isso acontece porque, o amor real não é como nos contaram e nem como as novelas mostram, olho no olho, o coração dispara e se ama para toda a vida.

Evoluir como pessoa amadurecendo com as experiências dessa vida compartilhada é o que se deseja de qualquer relacionamento sem acreditar que tudo são flores, porque na estrada da vida existem perigos e buracos.

Tudo bem! Duas metades dão um inteiro, mas antes de ser a metade de alguém é preciso estar inteiro. E onde foi parar essa minha metade? E a do outro?

Não podemos negar que antes de se encontrarem essas duas pessoas vieram de uma família com suas crenças, tradições e educação, portanto são diferentes. 

A capacidade de conviver com as diferenças e, a partir delas, fazer o novo é o grande trabalho de construção de uma relação. Mas um trabalho que gera alegria e não desgaste.

E é ai que mora o perigo: detectar as necessidades de mudanças! Pois mudar é preciso para que nos adaptemos as contrapartidas externas, sem que isso abale a relação.

Não defendo uma bagunça total ou uma insubordinação, mas creio que a comunicação, a percepção e a observação das necessidades reais podem contribuir na mudança de  conceitos,maleabilidade para não ter uma leitura fantasiosa do que é a família, causando frustração e destruindo a relação.

Enxergar a realidade pode dar alguns sustos e desestabilizar conceitos. Isso doi, mas não será ruim se for encarado como desafio que, pode até desencadear uma crise. 

Mas, o que é a crise? É o fim? 

Na verdade as crises são sintomas e se dermos atenção a elas, provavelmente teremos condições de um tratamento sem muitos choques ou dores. Confrontar-se e enfrentar as crises são comportamentos muito saudáveis e honestos.

Na verdade, o casamento perfeito existe e é o que respeita a individualidade do outro, com o qual se estabelece um elo. É a aproximação de dois inteiros e não de duas metades. E só poderá ocorrer para quem consegue trabalhar sua individualidade. Pois um casal é formado por todos os desejos de um, do outro e do universo que eles vivem. 

É importante que cada um assuma seus prazeres e necessidades, entendendo e aceitando a diversidade em todos os sentidos com respeito pela própria natureza e pela do outro.

Nada de importante na vida é conquistado e mantido sem esforço de construção permanente.

Não quero dar uma receita pronta. Falei de vários ingredientes e deixo uma proposta: relacionem seus ingredientes prediletos. Qual ingrediente que não era muito importante e hoje é? Quais eram os importantes que hoje são supérfluos? Assim, de tempos em tempos, podemos aprimorar nossa própria receita e fazer outras novas. Isso é o casamento.