Uma pergunta recorrente tem chegado a mim pelas redes sociais e também em consulta médica:

“FIZ PREENCHIMENTO FACIAL, POSSO VACINAR CONTRA COVID 19? “

Recentemente vimos em algumas páginas nas redes sociais e em sites de notícias, as suspeitas de que, uma famosa cantora brasileira, teria ficado com seu rosto inchado devido a interação entre o preenchimento facial e a vacina contra o COVID.

Mas, será que essa informação procede?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, até o momento foram notificados menos de 10 casos de reação em preenchedores, após a imunização pela vacina do COVID.

Porém, existem diversos relatos de casos; onde ocorreram reações inflamatórias, localizadas nas regiões de aplicação do ácido hialurônico; em pacientes submetidos a preenchimento facial, e que em algum momento após o procedimento estético, apresentam infecções virias, bacterianas ou simplesmente quadros alérgicos (alergias alimentares, gripes, infecções de vias áreas, sinusites, gastroenterites e até mesmo a infecção do COVID)

Sabemos, que o ácido hialurônico é uma substância absorvível produzido em laboratório, plenamente estabelecido na literatura médica como implante cutâneo seguro e eficaz; eventos adversos existem, mas são geralmente temporários, autolimitáveis e reversíveis. O preenchimento com ácido hialurônico não pode ser banalizado, sendo injustificável sua aplicação por pessoa não treinada ou inexperiente.

O termo minimamente invasivo, usado nos preenchimentos não devem ser utilizados para justificar aplicação por leigos, profissionais pouco treinados, condições de higiene inadequada do local, sem seguir normas de segurança e esterilidade do procedimento, com ausência de investigação clínica minuciosa (incluindo antecedentes pessoais, familiares, uso de medicamentos, comorbidades, presença de feridas e outros procedimentos no local a ser tratado.) A segurança da aplicação do ácido hialurônico deve ser apoiada na técnica precisa, respeitando as normas de higiene e com conhecimento da anatomia da face do paciente e das características dos diferentes produtos comercializados.

Mesmo respeitando todas as regras da boa prática para executar o preenchimento facial, os casos de inflamação conhecidos como ETIP (edema tardio intermitente persistente), consistem em episódios residivantes de inchaço no local da injeção do ácido hialurônico, que apresenta períodos curtos ou longos de inatividade, sem apresentar nódulos palpáveis, mas sim um inchaço, calor local e vermelhidão, em geral relacionado com um gatilho infeccioso ou inflamatório como relatado acima.

Uma vez que o paciente, apresente alguma alteração no local do preenchimento facial ele deve procurar o médico injetor, para que o mesmo possa intervir e gerenciar este episódio. Será orientado o uso de medicações tópicas e / ou medicações orais e até mesmo injetáveis para o tratamento e controle deste efeito adverso.


Não existe produto que possa ser considerado como preenchedor ideal, porém o ácido hialurônico é considerado o material mais seguro dentre todos do mercado. 

A maioria dos eventos adversos podem ser diminuídos quando utilizamos técnica adequada, planejamento da aplicação, conhecimento do produto e da anatomia facial e não exageramos na quantidade de ácido hialurônico a ser injetada. 

A dica é busque sempre um profissional capacitado e evite a aplicação de um grande número de seringas. 

Leiam, releiam, informem os amigos e familiares, pois informação correta deve ser divulgada. Até a próxima edição. 

DRA ROSELI ANDRADE

  Dermatologista-SBD

      CRM 91690/SP

  www.roseliandrade.com