Conscientização sobre tratamento adequado de transtornos mentais passa por tratamento mais humanizado aos pacientes, e antigos manicômios são ultrapassados e substituídos por novo modelo; psiquiatra da SIG explica

Em Maio é celebrado o mês da luta antimanicomial, período dedicado à conscientização e reflexão sobre os direitos e dignidade das pessoas em sofrimento mental. De acordo com a OMS, um a cada quatro brasileiros sofrerá com algum transtorno mental: ansiedade, depressão e até mesmo condições mais graves, como transtorno bipolar, esquizofrenia, entre outros. Mas qual a alternativa para tratamento dessas pessoas?

Pessoas que convivem com transtornos passam por enormes sofrimentos, preconceito e algumas vezes até abandono. No Brasil, é comum que hospitais psiquiátricos virem moradia desses pacientes por tempo indeterminado, indo contra o objetivo da internação. “Internação em hospital psiquiátrico é para casos agudos, no momento de crise e devem ter uma curta duração”, explica o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica.

Isso traz à tona a importância de propostas cada vez mais humanitárias no tratamento de transtornos mentais, entre elas, as residências terapêuticas (RT) – lar para pacientes com doenças mentais crônicas que, por conta de suas condições, não podem viver sozinhas.

“Essas residências são opções que podem ser acionadas no momento da estabilidade do paciente, ou seja, quando essa pessoa não estiver em crise”, explica o psiquiatra.

Ao contrário dos hospitais psiquiátricos, as RTs podem servir como uma solução definitiva de moradia para os pacientes, onde os mesmos encontrarão afeto, convivência, suporte em todas as suas necessidades e ajuda para usufruir da máxima autonomia que seu quadro permitir. “É necessário entender que mesmo no período da estabilidade, muitos pacientes precisam

de cuidados, como controle da sua medicação, cu alimentação, higiene, convivência e lazer”, completa.

RT é alternativa aos antigos manicômios

O pensamento de que moradores de Residências Terapêuticas tenham sido abandonados por familiares e amigos pode ser comum em um primeiro momento, mas não é verdadeiro, muito pelo contrário. “Procurar um lar para uma pessoa com um transtorno mental grave é uma forma de cuidar e garantir a segurança desse paciente, já que nas residências eles recebem a atenção e o tratamento especializado 24 horas por dia, algo que os familiares não conseguem oferecer”, explica o psiquiatra.

Assim como alguns procuram asilos para idosos, por falta de tempo de dedicação integral ou falta de estrutura para os cuidados necessários, os familiares podem encontrar nas moradias a segurança de saber que seus parentes estão sendo assistidos por profissionais.

Transtornos mentais graves ‍ ‏   

Existem diversos tipos de transtornos mentais: depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, demência e dependência química, entre muitos outros. Alguns deles são mais graves do que os outros e podem aparecer em níveis diferentes em cada indivíduo. ‍ ‏   

“Alguns transtornos são controlados apenas com terapia, outros com medicações. Muitas doenças, quando tratadas de maneira correta, não tiram a autonomia de uma pessoa de morar sozinha, o que significa que não existe a necessidade de procurar uma RT. Por isso, cada caso é avaliado individualmente”, finaliza o médico.