Uma das leitoras enviou a seguinte questão:

“Sou casada há 20 anos, e tenho 52. Sempre houve episódios de desconfiança da minha parte, porque sabia que ele me traía. Fui avisada que ele me traía com uma mulher que era minha “amiga”, mas ele disse que foram “só uns apalpões”.

No domingo do último dia dos Pais, perdi a paciência e disse-lhe muitas coisas sobre as minhas frustrações contidas. Resumindo, a coisa durou até agora.

Hoje sinto-me muito mal e com a autoestima muito baixa. O meu marido foi um reles canalha, ela uma vadia e ambos gozaram comigo. Agradeço um conselho. “

Você relata a história de uma vida de concessões e olhos fechados, e cada um sabe a hora em que deve acordar e mudar algo que a incomoda.

Pelo que entendi, a sua hora chegou agora e, ao invés de um desabafo, o que deseja é sentir-se mais segura e feliz.

Em nenhum momento é expressado o desejo de se separar. Portanto, ao invés de ficar atolada em insatisfação e sofrimento, você deve buscar aquilo que perdeu nesses anos de muita paciência como expectadora enquanto seu marido vivia as próprias fantasias dele.

Não digo que “pagar na mesma moeda” seja uma solução, mas acredito que você está devendo para si mesma pensar mais em você do que nas faltas dele.

O que você sonha e não realiza? Desde pequenos sonhos cotidianos até coisas maiores, viagens, cursos… Nunca é tarde para resgatar uma vida de alegrias e de realizações.

Percebo que você depositou nas faltas de seu marido todas as suas perdas, e é hora de se distanciar disso e procurar aquilo que a completa.

Não necessariamente no campo afetivo sexual, mas no que diz respeito a si mesma. Afinal, fica claro que sempre se colocou no lugar de expectadora de uma vida. Agora é hora de subir ao palco e protagonizar.

Quase posso apostar que ao perceber seu distanciamento dele, você será percebida e os papéis serão trocados.

Existe ainda a possibilidade de um reencontro entre vocês, para viverem com cumplicidade e donos de uma história em comum, com coisas novas, em uma parceria amigável e respeitosa – sem ranço – em que a palavra “perdão” tenha um sentido bem amplo.