“Quando existe tamanha algazarra é porque alguma coisa deve estar fora da ordem. Se a primeira mulher que Deus criou foi suficientemente forte para, sozinha, virar o mundo de cabeça para baixo, então todas as mulheres, juntas, conseguirão mudar a situação e colocar novamente o mundo de cabeça para cima! E agora elas estão pedindo para fazer isto. É melhor que os homens não se metam”.

Esse é um trecho do discurso da abolicionista, escritora e ativista dos direitos da mulher Isabella Baumfree, feito em 1851.

O feminismo, a força da mulher e a luta pelos direitos não é um assunto novo. Ao contrário, é uma sequência de batalhas que vem resultando em conquistas que muitos insistem em discutir de forma rasa para desenvolver argumentos convenientes para suas convicções machistas.

O meu lugar de fala – de um homem, branco, jornalista, psicanalista e pesquisador do comportamento humano – me permite apenas abrir este programa, trazer informações e questionamentos e dar voz a vocês, mulheres, que aqui nessa edição terão representatividade através da minha convidada, Renata Arraes, Procuradora Geral do Município de Santos.

A sociedade tem confundido muito lugar de fala com representatividade, como bem explica a filósofa Djamila Ribeiro, autora do livro que explora esse assunto e que se tornou objeto de discussão fora das paredes da academia.

Essa confusão de interpretação acaba fazendo com que muitas pessoas utilizem o lugar de fala como forma de calar o outro, de calar o divergente. Mas é muito mais do que isso. Segundo a origem da Escola Francesa de Filosofia, lugar de fala é uma espécie de trajetória do indivíduo e, sendo assim, todos tem um lugar de fala. Quer isso agrade ou não! O lugar de fala somente contextualiza quem é que está falando sobre determinado assunto.

Uma ótima leitura,
Maycow Montemor
@maycowmontemor